Na onda do TikTok, o mercado literário entendeu que o importante é investir na ligação com o público, e obteve sucesso com essa estratégia pela #booktok
Com a chegada da pandemia em março de 2020, o mercado editorial, de modo global, deparou-se com uma situação complicada. Já vindo de uma crise do setor, com o fechamento de várias livrarias, parecia que o mercado não se sustentaria mais a longo prazo, especialmente para as livrarias pequenas e independentes. Porém, a rede social que ganhou destaque em 2019 e se tornou a queridinha do público jovem, foi um meio — inesperado — de ultrapassar a instabilidade vigente.
Fonte: DC Comics, via GIPHY
O TikTok, a famosa “rede vizinha” de vídeos curtos com alcance instantâneo, foi essencial para uma virada de estratégia do mercado literário. O aplicativo segmenta hashtags nas quais o usuário pode encontrar os assuntos que procura, desde dicas culinárias até notícias sobre determinado acontecimento; o mundo dentro do TikTok é vasto e multidisciplinar. Entre as hashtags mais populares na plataforma, a “#booktok” foi o nicho perfeito que o universo literário encontrou.
Somando 80 bilhões de visualizações, o booktok impulsionou a venda de livros nos piores momentos da pandemia. Segundo matéria publicada em fevereiro de 2022 na revista Forbes, nos Estados Unidos, as vendas de livros tiveram um aumento de 9%, o que especialistas associam as postagens de jovens nas redes sociais. Os conteúdos que essa hashtag oferece são, basicamente, críticas literárias, indicações de livros e discussões sobre a obra.
Um acerto não proposital
Não é uma surpresa o poder que o público possui para fazer com que um assunto conquiste as redes sociais. Mas algo “acidental” para o mercado editorial foi o comprometimento que se formou nessa comunidade com a divulgação dos livros, turbinando o setor. A estratégia começou de forma orgânica, mas rapidamente as editoras brasileiras souberam reconhecer os influenciadores digitais mais relevantes do meio e começaram a se envolver com os booktokers.
Qual o nível de influência que uma pessoa consegue atingir no espaço literário? É cada vez mais perceptível com o número de seguidores e interações que o booktok veio para ficar.
Fonte: Saturday Night Live via GIPHY
Solução para um setor em crise?
Antes as editoras, principalmente as brasileiras, tentavam contornar a crise com os clubes literários, enviando mensalmente um livro para a casa do assinante. Mesmo com a curadoria de livros, mimos, conteúdos multiplataformas e a facilidade de receber um livro no seu lar, até mesmo os clubes literários têm passado por momentos complicados: neste ano, clubes importantes para o mercado encerraram ou mudaram suas atividades pelas dificuldades em equilibrar custos e novos associados. O Intrínsecos, da editora Intrínseca, encerrou suas atividades, e a TAG, um dos mais clássicos, está passando por um período de reformulação nos “mimos” enviados para os leitores para conseguir manter-se em atividade.
Enquanto os clubes de assinatura são uma solução inovadora, ainda falta algo. A prática continua, mas perceberam que o sucesso está nas interações somadas às experiências, algo que só uma rede social proporciona.
Consequentemente, as parcerias entre os influenciadores e as editoras só têm crescido, tanto pela capacidade de divulgação da rede social quanto pelo diálogo com o público. No Brasil, a estratégia das editoras do país é simples, mas consegue ser eficaz: enviar uma caixa de livros (os famosos “recebidos”) para os influenciadores, que realizam todo um ritual de abrir a caixa, o “unboxing”, para mostrar e comentar sobre cada livro.
Como cada influenciador tem uma preferência de gênero literário, as editoras fazem o seu papel de curadoria e promovem os títulos que são mais atrativos para o influenciador, refletindo diretamente no público. Do mesmo modo que as editoras se beneficiam com essa propaganda, os influenciadores conseguem alcançar uma comunidade sólida e desenvolver um vínculo importante com o público através do patrocínio.
Fonte: WNYC , via GIPHY
A relação que faz a diferença
Sem dúvidas, por meio do TikTok e do público majoritariamente jovem, um mercado que enfrentava uma crise geral ganhou um novo fôlego. Nas livrarias, tanto físicas quanto as virtuais, o “#booktok” tem prateleiras próprias mostrando os maiores sucessos do nicho. E ele está crescendo: a hashtag migrou para outras redes sociais, como o Twitter, onde achou um ciberespaço para que debates surgissem, alguns fervorosos, sobre as obras destacadas.
A influência do TikTok na comunidade não é algo a ser minimizado. São várias estratégias que podem, e devem, ser usadas para angariar ainda mais público. O exemplo do mercado editorial deixa claro que, mesmo em um setor antigo com constantes crises, o poder de influência de uma rede social é uma alternativa para a sobrevivência em um mundo cada vez mais competitivo.
A proximidade que os influenciadores trouxeram para a relação entre editoras e o público foi uma importante estratégia, que já está estruturada no “#booktok”. Definitivamente, para conquistar a plataforma do TikTok, é necessário entender a relevância da conexão entre o influenciador e o público, servindo como um meio para transmitir a mensagem.
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Fonte: BRIT Awards , via GIPHY
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